quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Estudo: Cirurgia bariátrica pode afetar qualidade dos espermatozoides

 

Embora os resultados tenham avaliado os pacientes apenas em um intervalo de seis meses, eles acendem o sinal amarelo para quem vai se submeter ao procedimento e que tem planos de ser pai.




sÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A qualidade dos espermatozoides, as células reprodutivas masculinas, pode cair drasticamente após a realização de cirurgia bariátrica, sugere um novo estudo publicado por pesquisadores brasileiros na revista Obesity Surgery.

Embora os resultados tenham avaliado os pacientes apenas em um intervalo considerado curto, de seis meses, eles acendem o sinal amarelo para quem vai se submeter ao procedimento e que tem planos de ser pai.

A ideia da pesquisa, que embasou o doutorado de Guilherme Wood, urologista e especialista em reprodução humana do Grupo Huntington, veio da observação de que, apesar da melhora evidente de muitos parâmetros de saúde dos pacientes, que chegavam a perder 70 kg, o impacto da bariátrica na fertilidade parecia ser muito ruim.O estudo foi feito em duas etapas.

Na primeira, houve a comparação de parâmetros ligados à fertilidade entre voluntários obesos (42) e saudáveis (32). Até aí, sem grande novidades: os pacientes obesos tinham menor produção de testosterona e maiores níveis de estradiol (combinação inclusive ligada à disfunção erétil), além de pior qualidade do esperma, com menor volume ejaculado, menos espermatozoides e células menos móveis, ou seja, menos capazes de perseguir o destino rumo ao óvulo para fecundá-lo.

A novidade veio na sequência, com o acompanhamento de 18 pacientes antes e depois da cirurgia e dos outros 14 que não foram operados.

Os operados, apesar de mais magros, menos hipertensos e com redução no consumo de álcool, e maior produção de testosterona e outros hormônios ligados à fertilidade, apresentaram menores níveis de produção de espermatozoides.

O total de espermatozoides ejaculados despencou 86%, de uma média de 122,8 milhões para 17 milhões.

Uma possível explicação para esse pior desempenho na produção de espermatozoides é a falta de nutrientes nos testículos (responsáveis pela produção dessa células) devido à modificação do trajeto da comida no trato gastrintestinal.

"O obeso que está perdendo 20 kg, 30 kg no mês está vivendo um período de desnutrição, e a produção de esparmatozoides pode ser sensível a isso", diz Wood.

A intervenção cirúrgica pela qual passaram os pacientes é conhecida como bypass gástrico, na qual o bolo alimentar deixa de percorrer por uma grande extensão do intestino delgado, sendo despejado já no íleo, porção que se une ao intestino grosso.

Esse menor contato da comida com o intestino é um dos motivos do emagrecimento e da alterações metabólicas que ajudam a controlar o diabetes, por exemplo.

Outra hipótese levantada pelos autores do estudo é a de que alterações hormonais e do metabolismo poderiam estar na raiz das mudanças observadas.

A melhora na integridade do DNA desses pacientes poderia ser explicada por uma conjuntura térmica –com menos massa gorda na região que envolve a bolsa escrotal (e os testículos, por conseguinte), a temperatura da região poderia ter baixado, o que tem efeito positivo na produção dessas células germinativas.

"Nossa recomendação é que o aconselhamento sobre infertilidade com um urologista seja obrigatório para quem vai passar por cirurgia bariátrica e que tenha intenção de reproduzir, a fim de discutir procedimentos para a preservação da fertilidade, como o congelamento de esperma", escrevem os autores.

Para Paula Intasqui Lopes, pesquisadora da Unifesp especializada em fertilidade masculina e que não participou do estudo, o tema ainda é controverso.

"São necessários estudos com um acompanhamento mais longo -de mais de um ano, por exemplo- para que possamos saber se o testículo é capaz de se adaptar a essa nova situação e, assim, voltar a trabalhar normalmente, ou se o efeito observado é permanente. Talvez ainda seja cedo para falarmos de preservação da fertilidade dos homens que serão submetidos à cirurgia bariátrica", diz.

Site de Pesquisa: http://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

O impacto da pandemia nos casais: Três psicólogos explicam tudo

 

"Os casais que já tinham problemas continuaram a tê-los ou pioraram a sua situação", diz a psicóloga Filipa Machado.




Quando a pandemia da Covid-19 chegou e todos tivemos de ficar confinados às nossas casas, muito se especulou acerca do futuro dos casais que partilham as mesmas quatro paredes. Como tal o site de encontros Felizes.pt procurou entender qual o impacto dessa situação na vida destes indivíduos, durante uma fase em que não existiam distrações. 
Será que foram tempos marcados somente por desafios ou será que os relacionamentos também se beneficiaram da proximidade súbita?

O Felizes.pt conversou com quem viu e continua a ver de perto os efeitos da pandemia na saúde mental: o psicólogo clínico e terapeuta familiar e de casal, Tiago Sá Balão, a professora e doutora Filipa Machado Vaz, e a psicóloga Sofia Costa Pais.

E a verdade é que todos eles sublinharam a mesma ideia: não existem receitas universais para ultrapassar os problemas, porque cada casal é único.

Procura por apoio psicológico aumentou, principalmente pelas mulheres

Filipa Machado Vaz liderou o projeto acalma.online, promovido pela Casa do Impacto, criado com o intuito de facultar apoio psicológico gratuito e de forma virtual durante o período de isolamento. A profissional refere que a procura de consultas da especialidade aumentou de forma geral mas, sobretudo, em formato online. Segundo ela foram mais de duas mil sessões realizadas pela ação entre abril e julho.

A psicóloga Sofia Costa Pais confirma este crescimento: “foram as mulheres que mais buscaram apoio psicológico pois o burnout parental ainda é muito sentido por elas, através do acumular de papéis sociais enquanto mães, profissionais, mulheres, e, algumas vezes, mães dos maridos".

O fato é que segundo a psicóloga, apesar da maioria dos homens tentar cada vez mais ajudar em casa, as expectativas da sociedade para com a mulher mantêm-se elevadas e irrealista, exigindo-lhes mais de si na vida doméstica e com os filhos. 

Tiago Sá Balão afirma: "somos seres que procuram estabilidade e, por isso, sempre que existem mudanças, estas geram impacto, quer no indivíduo, quer no casal.” E acrescenta que “ a mudança de rotinas requer uma adaptação de ambas as partes e é essa adaptação que nem sempre é fácil". 

Mas porque é que a pandemia fragilizou os casais?

Com o mundo em suspenso, não nos restou alternativa senão olhar para dentro, enfrentar os nossos próprios problemas e encará-los de frente.

"Os casais que já tinham problemas continuaram a tê-los ou pioraram a sua situação. Se a base já se encontrava fragilizada ou instável por problemas individuais ou no próprio casal, como tendências depressivas, as bases desmoronam. Os casais que já eram flexíveis e tinham melhor entendimento foram menos afetados", conta Filipa. 

Como ultrapassar a imperfeição do outro?

Tolerância é a palavra de ordem. As diferenças dos parceiros têm de ser aceites e sim - toleradas. 

Balão aconselha os casais a serem altruístas, resilientes, proativos e perseverantes. Tudo faz parte de um plano de estratégias que os casais foram aconselhados a aplicar, de acordo com um diagnóstico individual e a situação específica de cada casal.

Filipa explica que estas são apelidadas de estratégias de regulação emocional. Estas estratégias devem "valorizar a partilha emocional de cada um; certificar que as necessidades de ambos são tidas em consideração; que os problemas devem ser resolvidos em conjunto e não por imposição de uma das partes. O foco deve estar em cuidar da relação e não do próprio". 

Sofia acredita que este é o momento ideal para os casais se reinventarem e adotarem estratégias para lidar com novas rotinas de isolamento. “Por exemplo, alguns pais estipularam períodos de tempo em que um mantinha-se focado no teletrabalho enquanto o outro prestava auxílio aos filhos e depois trocavam. Dedicaram tempo para estarem um com o outro enquanto casal e tempo para estarem sozinhos".

O lado positivo do confinamento

Passar tempo juntos como não passavam há muito, este é o principal ponto positivo que os três psicólogos notaram nos indivíduos. Muitos pais ficaram contentes por passar mais tempo com os filhos, assistirem às suas aulas e brincarem mais com eles

Ocorrem ainda melhorias significativas em várias relações em que as pessoas ao passarem mais tempo no mesmo espaço acabaram por se redescobrirem enquanto casal. Reavivaram inclusive paixões antigas como cozinhar, escrever ou fazer trabalhos manuais, e descobriram novos conjuntos de competências.

Site de Pesquisa: http://www.noticiasaominuto.com.br/lifestyle/