Embora os resultados tenham avaliado os pacientes apenas em um intervalo de seis meses, eles acendem o sinal amarelo para quem vai se submeter ao procedimento e que tem planos de ser pai.
Embora os resultados tenham avaliado os pacientes apenas em um intervalo considerado curto, de seis meses, eles acendem o sinal amarelo para quem vai se submeter ao procedimento e que tem planos de ser pai.
A ideia da pesquisa, que embasou o doutorado de Guilherme Wood, urologista e especialista em reprodução humana do Grupo Huntington, veio da observação de que, apesar da melhora evidente de muitos parâmetros de saúde dos pacientes, que chegavam a perder 70 kg, o impacto da bariátrica na fertilidade parecia ser muito ruim.O estudo foi feito em duas etapas.
Na primeira, houve a comparação de parâmetros ligados à fertilidade entre voluntários obesos (42) e saudáveis (32). Até aí, sem grande novidades: os pacientes obesos tinham menor produção de testosterona e maiores níveis de estradiol (combinação inclusive ligada à disfunção erétil), além de pior qualidade do esperma, com menor volume ejaculado, menos espermatozoides e células menos móveis, ou seja, menos capazes de perseguir o destino rumo ao óvulo para fecundá-lo.
A novidade veio na sequência, com o acompanhamento de 18 pacientes antes e depois da cirurgia e dos outros 14 que não foram operados.
Os operados, apesar de mais magros, menos hipertensos e com redução no consumo de álcool, e maior produção de testosterona e outros hormônios ligados à fertilidade, apresentaram menores níveis de produção de espermatozoides.
O total de espermatozoides ejaculados despencou 86%, de uma média de 122,8 milhões para 17 milhões.
Uma possível explicação para esse pior desempenho na produção de espermatozoides é a falta de nutrientes nos testículos (responsáveis pela produção dessa células) devido à modificação do trajeto da comida no trato gastrintestinal.
"O obeso que está perdendo 20 kg, 30 kg no mês está vivendo um período de desnutrição, e a produção de esparmatozoides pode ser sensível a isso", diz Wood.
A intervenção cirúrgica pela qual passaram os pacientes é conhecida como bypass gástrico, na qual o bolo alimentar deixa de percorrer por uma grande extensão do intestino delgado, sendo despejado já no íleo, porção que se une ao intestino grosso.
Esse menor contato da comida com o intestino é um dos motivos do emagrecimento e da alterações metabólicas que ajudam a controlar o diabetes, por exemplo.
Outra hipótese levantada pelos autores do estudo é a de que alterações hormonais e do metabolismo poderiam estar na raiz das mudanças observadas.
A melhora na integridade do DNA desses pacientes poderia ser explicada por uma conjuntura térmica –com menos massa gorda na região que envolve a bolsa escrotal (e os testículos, por conseguinte), a temperatura da região poderia ter baixado, o que tem efeito positivo na produção dessas células germinativas.
"Nossa recomendação é que o aconselhamento sobre infertilidade com um urologista seja obrigatório para quem vai passar por cirurgia bariátrica e que tenha intenção de reproduzir, a fim de discutir procedimentos para a preservação da fertilidade, como o congelamento de esperma", escrevem os autores.
Para Paula Intasqui Lopes, pesquisadora da Unifesp especializada em fertilidade masculina e que não participou do estudo, o tema ainda é controverso.
"São necessários estudos com um acompanhamento mais longo -de mais de um ano, por exemplo- para que possamos saber se o testículo é capaz de se adaptar a essa nova situação e, assim, voltar a trabalhar normalmente, ou se o efeito observado é permanente. Talvez ainda seja cedo para falarmos de preservação da fertilidade dos homens que serão submetidos à cirurgia bariátrica", diz.
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